sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Testemunho da Revelação Geral Quanto à Imortalidade da Alma

A pergunta de Jó, “Morrendo o homem porventura tornará a viver?” (Jó 14.14) é de interesse perene. E com ela sempre se repete a pergunta se os mortos voltarão a viver. A resposta a essa indagação sempre foi afirmativa. Conquanto os evolucionistas não possam admitir que a fé na imortalidade da alma é uma qualidade original do homem, não se pode negar que esta fé é pouco menos que universal e se encontra até nas formas inferiores de religião. Sob a influência do materialismo, muitos se inclinam a duvidar, e até a negar a vida futura do homem. Todavia, esta atitude negativa não é a que prevalece. Num recente simpósio sobre “imortalidade”, que inclui as idéias de cerca de cem homens representativos, as opiniões são praticamente unânimes em favor de uma vida futura. Os argumentos históricos e filosóficos em prol da imortalidade da alma não são absolutamente conclusivos, mas certamente são testemunhos importantes da existência continuada, pessoal e consciente do homem. São os seguintes:
1. ARGUMENTO HISTÓRICO. O consensus gentium (consenso dos povos) é tão forte com relação à imortalidade da alma, como com referencia à existência de Deus. Sempre houve eruditos descrentes que negavam a existência permanente do homem, mas em geral se pode dizer que a crença na imortalidade da alma se acha em todas as raças e nações, não importa seu estágio de civilização. Vê-se que uma noção tão comum só pode ser considerada como um instinto natural ou como algo envolvido na própria constituição da natureza humana.
2. ARGUMENTO METAFÍSICO. Este argumento se baseia na simplicidade (ontológica) da alma humana, e desta se infere a sua indissolubilidade. Na morte a matéria se dissolve em suas partes. Mas a alma, como uma entidade espiritual, não se compõe de várias partes, e, portanto, é incapaz de divisão ou dissolução. Conseqüentemente, a decomposição do corpo não leva consigo a destruição da alma. Mesmo quando aquele perece, esta permanece intacta. Este argumento é muito antigo, e já utilizado por Platão.
3. ARGUMENTO TEOLÓGICO. A impressão que se tem é que os seres humanos são dotados de capacidades quase infinitas que nunca se desenvolvem plenamente nesta vida. É como se, na maioria, os homens mal tenham começado a realizar algumas das grandes coisas às quais aspiram. Há idéias que não se concretizam, apetites e desejos não satisfeitos nesta existência, anseios e aspirações frustrados. Pois bem, argumenta-se que Deus não teria conferido aos homens essas habilidades e talentos só para faze-los fracassar em suas realizações, não teria dado aos corações esses desejos e aspirações só para decepciona-los. Ele deve ter providenciado uma existência futura, na qual a vida humana alcançara fruição real.
4. ARGUMENTO MORAL. A consciência humana atesta a existência de um Governante do universo que exerce justiça. Todavia, as exigências da justiça não são satisfeitas na presente vida. Há uma distribuição desigual e aparentemente injusta do bem e do mal. Muitas vezes os ímpios prosperam, aumentam suas riquezas, e gozam abundantemente dos prazeres da vida, enquanto que, freqüentemente, os justos vivem na pobreza, enfrentam penosos e humilhantes contratempos e padecem muitas aflições. Daí, deverá haver um futuro estado de existência no qual a justiça reinará suprema e as desigualdades do presente serão retificadas.
(Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg 677)

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