sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Significado da Morte dos Crentes

A Bíblia fala da morte física como punição, como “o salário do pecado”. Dado, porém, que os crentes estão justificados e não estão mais na obrigação de prestar qualquer satisfação penal, surge naturalmente a questão: Por que eles têm que morrer? É mais que evidente que, quanto a eles, o elemento penal e retirado da morte. Não se acham mais sob a lei, quer como exigência da aliança das obras, quer como poder condenatório, visto haverem obtido completo perdão por todos os seus pecados. Cristo se fez maldição por eles, e, assim, removeu a pena do pecado. Mas, se é assim, por que Deus ainda julga necessário faze-los passar pela dolorosa experiência da morte? Por que simplesmente não os transfere de uma vez para o céu? Não se pode dizer que a destruição do corpo é absolutamente essencial para uma perfeita santificação, uma vez que isso é contraditado pelos exemplos de Enoque e Elias. Tampouco é satisfatório dizer que a morte liberta o crente dos males e sofrimentos da presente vida e dos estorvos do pó, livrando o espírito do grosseiro e carnal corpo atual. Deus poderia também realizar esta libertação por uma transformação súbita, como a que os santos vivos experimentarão por ocasião da parousia. É evidente que a morte dos crentes deve ser considerada como a culminação dos corretivos que Deus ordenou para a santificação do Seu povo. Conquanto a morte, em si mesma, continue sendo um verdadeiro mal natural para os filhos de Deus, uma coisa antinatural que, como tal, é temida por eles, na economia da graça se faz subserviente ao seu progresso espiritual e aos melhores interesses do reino de Deus. A própria idéia da morte, as aflições que cercam a morte, o sentimento de que as doenças são prenúncios da morte, e a consciência da aproximação da morte – tudo isso tem um efeito benéfico sobre o povo de Deus. Serve para humilhar os orgulhosos, para mortificar a carnalidade, para refrear o mundanismo e para fomentar a mentalidade espiritual. Na união mística com o seu Senhor, os crentes são levados a participar das experiências de Cristo. Justamente como Ele entrou em Sua glória pelo caminho dos sofrimentos e morte, eles também só podem tomar posse da sua herança eterna por meio da santificação. Muitas vezes a morte é a prova suprema do vigor da fé que há neles, e com freqüência provoca extraordinárias manifestações da consciência de vitória precisamente na hora da derrota aparente, 1 Pe 4.12, 13. Ela completa a santificação das almas dos crentes, de sorte que eles passam imediatamente a ser “espíritos dos justos aperfeiçoados”, Hb 12.23; Ap 21.27. Para os crentes, a morte não é o fim, mas o inicio de uma vida perfeita. Eles adentram a morte com a certeza de que o seu aguilhão já foi retirado, 1 Co 15.55, e de que ela é para eles a porta do céu. Eles dormem em Jesus, 1 Ts 4.14 (Almeida, Rev. e Corrigida; cf. também Ap 14.13), e sabem que até os seus corpos serão finalmente arrebatados do poder da morte, para estarem para sempre com o Senhor, Rm 8.11; 1 Ts 4.16, 17. Disse Jesus: “Quem crê em mim, ainda que morra, viverá” (Jo 11.25). E Paulo tinha a bem-aventurada consciência de que, para ele, o viver é Cristo, e o morrer era lucro. Daí, pôde ele entoar com jubilosas notas, no fim de sua carreira: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda”, 2 Tm 4.7, 8.
QUESTIONÁRIO PARA PESQUISA: 1. Qual a idéia fundamental da concepção bíblica da morte? 2. A morte é apenas resultado natural do pecado, ou é uma positiva punição pelo pecado? 3. Se é punição, como se pode provar isto pela Escritura? 4. Em que sentido o homem, como foi criado por Deus, era mortal? Em que sentido era imortal? 5. Como se pode reprovar a posição dos pelagianos? 6. Em que sentido a morte realmente deixou de ser morte para os crentes? 7. A que propósito a morte atende em suas vidas? 8. Quando se põe fim total ao poder da morte para eles?
BIBLIOGRAFIA PARA CONSULTA: Dick, Lect. On Theol., p. 426-433; Dabney, Syst. and Polemic Theol., p. 817-821; Litton, Introd. to Dogm. Theol., p. 536-540; Pieper, Christl. Dogm. III, p. 569-573; Schmid, Dogm. Theol. of the Ev. Luth. Church, p. 626-631; Pope, Chr. Theol. III, p. 371-376; Valentine, Chr. Theol. II, p. 389-391; Hovey, Eschatology, p. 13-22; Dahle, Life After Death, p. 24-58; Kennedy, St. Paul’s Conception of the Last Things, p. 103-157; Strong, Syst. Theol., p. 982, 983; Pohle-Preuss, Eschatology, p. 5-17.
(Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg 674)

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