sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

PURGATÓRIO

De acordo com a igreja de Roma, as almas dos que são perfeitamente puros por ocasião da morte são imediatamente admitidos no céu ou na visão beatífica de Deus, Mt 25.46; Fp 1.23; mas os que não se acham perfeitamente purificados, que ainda levam sobre si a culpa de pecados veniais e não sofreram o castigo temporal devido aos seus pecados – e esta é a condição da maioria dos fiéis quando morrem – têm que se submeter a um processo de purificação, antes de poderem entrar nas supremas alegrias e bem-aventurança do céu. Em vez de entrarem imediatamente no céu, entram no purgatório.
O purgatório não é um lugar de prova (ou de segunda oportunidade), mas de purificação e de preparação para as almas dos crentes que têm a segurança de uma entrada final no céu, mas ainda não estão prontas para apossar-se da felicidade da visão beatífica. Durante a estada dessas almas no purgatório, elas sofrem a dor da perda, isto é, a angústia resultante do fato de que estão excluídas da bendita visão de Deus, e também padecem “castigo dos sentidos”, isto é, sofrem dores positivas, que afligem a alma. A extensão da sua permanência no purgatório não pode ser determinada de antemão. A duração, como também a intensidade dos seus sofrimentos, variam de acordo com o grau de purificação ainda necessitado. Elas podem ser abreviadas e aliviadas pelas orações e boas obras dos fiéis na terra, e especialmente pelo sacrifício da missa. É possível que alguém fique no purgatório até ao dia do juízo final. Supõe-se que o papa tem jurisdição sobre o purgatório. É sua prerrogativa peculiar conceder indulgências, abrandar os sofrimentos purgatoriais e até acabar com eles.
O principal apoio para esta doutrina acha-se em 2 Macabeus 12.42-45, e, portanto, num livro não reconhecido como canônico pelos protestantes.* Mas esta passagem prova demais, isto é, mais do que os próprios católicos romanos podem admitir coerentemente, a saber, a possível libertação do purgatório, de soldados que tinham morrido no pecado mortal da idolatria.
Também se supõe que certas passagens favorecem essa doutrina, como Is 4.4; Mq 7.8; Zc 9.11; Ml 3.2, 3; Mt 12.32; 1 Co 3.13-15; 15.29. Contudo, é mais que evidente que essas passagens só podem ser levadas a dar suporte à doutrina do purgatório mediante uma exegese forçada. A doutrina não acha suporte nenhum na Escritura, e, além disso, firma-se em várias premissas falsas, tais como: (a) que devemos acrescentar algo à obra realizada por Cristo; (b) que as nossas boas obras são meritórias no sentido estrito da palavra; (c) que podemos realizar obras de supererrogação, obras que excedem o que o dever manda; e (d) que o poder das chaves, que a igreja detém, é absoluto, num sentido judicial. Segundo esse poder, a igreja pode encurtar, suavizar e até mesmo terminar os sofrimentos do purgatório.
(Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg 690)

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