sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

O Nome “Escatologia”

Vários nomes têm sido aplicados ao último lócus da dogmática, dos quais o mais comum é de novissimis (das últimas coisas) ou escatologia. Kuyper emprega a expressão consummatione saeculi (da consumação dos séculos). O nome “escatologia” baseia-se nas passagens da Escritura que falam sobre “os últimos dias” (eschatai hemerai), Is 2.2; Mq 4.1, os “últimos tempos” (eschatos ton chronon), 1 Pe 1.20, e “a última hora” (eschate hora), 1 Jo 2.18. É verdade que estas expressões às vezes se referem a toda a dispensação do Novo Testamento, mas mesmo assim incorporam uma idéia escatológica. A profecia do Velho Testamento distingue somente dois períodos, quais sejam, “esta era” (olam hazzeh, gr. Aion houtos), e “a era vindoura” (olam habba’, gr. Aion mellon). Visto que os profetas descrevem a vinda do Messias e o fim do mundo como coincidentes, os “últimos dias” são os dias imediatamente anteriores à vinda do Messias e ao fim do mundo. Em parte alguma eles traçam uma clara linha de distinção entre uma primeira e uma segunda vinda do Messias. No Novo Testamento, porém, é mais que evidente que a vinda do Messias é dupla, e que a era messiânica inclui dois estágios, a presente era messiânica e a consumação futura. Conseqüentemente, a dispensação do Novo Testamento pode ser considerada sob dois aspectos diferentes. Se se fixar a atenção na vinda futura do Senhor, e se tudo que a precede for considerado pertencente a “esta era”, se considerará que os crentes neotestamentários estão vivendo nas vésperas desse importante evento – a volta do Senhor em glória e a consumação final. Se, por outro lado, a atenção for centralizada na primeira vinda de Cristo, será natural considerar os crentes desta dispensação como já vivendo na era futura, embora somente em princípio. Esta descrição da condição deles não é incomum no Novo Testamento. O reino de Deus já está presente, a vida eterna já se realizou em princípio, o Espírito é o penhor das primícias da herança celestial, e os crentes já estão sentados nos lugares celestiais com Cristo. Mas, conquanto algumas das realidades escatológicas sejam assim projetadas para o presente, não se realizarão plenamente, até ao tempo da consumação futura. E quando falamos de “escatologia”, temos em mente mais particularmente os fatos e eventos que estão relacionados com a segunda vinda de Cristo e que marcarão o fim da presente dispensação e penetrarão nas glórias eternas do futuro.
(Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg 669)

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