sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A Imortalidade da Alma

No capítulo anterior foi assinalado que a morte física é a separação de corpo e alma, e marca o fim da nossa presente existência física. Necessariamente envolve e resulta na decomposição do corpo. Marca o fim da nossa presente vida e o fim do “corpo natural”. Mas agora surge a questão: Que acontece com a alma? A morte física dá fim à sua vida, ou ela continuará a existir e a viver após a morte? Sempre foi firme convicção da igreja de Jesus Cristo que a alma continua a viver depois da sua separação do corpo. Esta doutrina da imortalidade da alma requer breve consideração nesta altura.
A. Diferentes Conotações do Termo “Imortalidade”.
Numa discussão da doutrina da imortalidade, deve-se ter em mente que o termo “imortalidade” nem sempre é empregado no mesmo sentido. São indispensáveis certas distinções para evitar confusão.
1. No sentido mais absoluto da palavra, só se atribui imortalidade a Deus. Paulo fala dele em 1 Tm 6.15, 16 como o “bendito e único Soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores: o único que possui imortalidade”. Isto não significa que nenhuma de Suas criaturas seja imortal nalgum sentido da palavra. Entendida naquele sentido irrestrito, esta palavra de Paulo ensinaria também que os anjos não são imortais, e certamente não é esta a intenção do apostolo. O sentido evidente da sua afirmação é que Deus é o único ser que possui imortalidade “como uma qualidade original, eterna e necessária”. Seja qual for a imortalidade que se possa atribuir a quaisquer criaturas suas, é dependente da vontade divina, é-lhes conferida, e, portanto, teve um começo. Deus, por outro lado, é necessariamente livre de todas as limitações temporais.
2. A imortalidade, no sentido de uma existência continuada ou sem fim, também é atribuída a todos os espíritos, a alma humana inclusive. Uma das doutrinas da religião ou filosofia natural é que, quando o corpo é dissolvido, a alma não comparte a sua dissolução, mas retém a sua identidade como um ser individual. Esta idéia da imortalidade da alma está em perfeita harmonia com o que a Bíblia ensina acerca do homem, mas a Bíblia, a religião e a teologia não estão interessadas primariamente nesta imortalidade puramente quantitativa e incolor – a pura e simples existência contínua da alma.
3. Ainda, o termo “imortalidade” é empregado na linguagem teológica para designar o estado do homem no qual ele está inteiramente livre das sementes da decadência e da morte. Neste sentido da palavra, o homem era imortal antes da Queda. Esse estado evidentemente não excluía a possibilidade do homem se tornar sujeito à morte. Embora o homem, no estado de retidão, não estivesse sujeito à morte, estava propenso a essa sujeição. Era inteiramente possível que, mediante o pecado, ele se tornasse sujeito à lei da morte; e o fato é que ele caiu vítima dele.
4. Finalmente, a palavra “imortalidade” designa, especialmente na linguagem escatológica, o estado do homem no qual ele é impérvio à morte e não tem a mínima possibilidade de se tornar sua presa. Neste supremo sentido da palavra, o homem não era imortal em virtude da sua criação, apesar de ter sido criado à imagem de Deus. Esta imortalidade seria o resultado, se Adão tivesse cumprido a condição da aliança das obras, mas agora só pode resultar da obra de redenção, quando se completar na consumação.
(Berkhof, L – Teologia Sistemática Pg 676)

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